Wednesday, January 3, 2007

Frei Luís de Sousa

Frei Luís de Sousa

Acto I

I cena

- Citação d’Os Lusíadas- faz a ligação entre os amores de Inês de Castro e D. Pedro; e o de D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho;

- Através do seu discurso repleto de suspensões de frase (…) e de interjeições, vemos o seu carácter de desespero e temor em relação a algo que não consegue esquecer e que impede de viver o seu amor com Manuel Coutinho.


II Cena

Telmo e Madalena

- Observamos que Telmo, embora aio, é tratado como sendo da família;

- 1ª fala de Telmo: elogio ao livro que Madalena lê “Os Lusíadas” de Luís de Camões”.
Elogio a Manuel de Sousa Coutinho: “Um grande homem”; “formado academicamente”; “cavaleiro”; “bom falante”;

- Conversam sobre Maria- Telmo indicia a tragédia através do à parte “aquela… pobre menina”;
Telmo mostra a sua dúvida em relação à morte de D. João de Portugal, através do à parte “terá…”

- Telmo confessa que não gostava de Maria quando ela nasceu; mas presentemente “gosta mais dela do que o próprio pai”;

- Madalena duvida destes sentimentos tão fortes;

- Telmo indicia comportamentos futuros “Mais, muito mais”. E veremos: “tenho cá uma coisa que me diz que antes de muito se há-de ver quem é que quer mais à nossa menina nesta casa.”;

- Madalena teme os agouros de Telmo;

- Para Telmo, Maria era digna de nascer de uma união legítima e não daquilo que ele considerava ser uma união ilegítima;

- Ambos choram. Telmo desculpa-se elogiando Manuel;






Notas a retirar:

- Este diálogo dá-nos informação sobe o passado: Telmo está há muito tempo na família;

- Madalena ficou viúva aos 17 anos, quando o marido desapareceu numa batalha em África;

- Madalena procurou-o durante 7 anos “e tudo foi inútil”; e a ninguém mais ficou resto de dúvida…”;

- Telmo refere que o único a duvidar da morte de D.João é ele;

- Telmo lembra a promessa feita por D.João: iria voltar vivo ou morto;

- Este diálogo dá-nos informações sobe o passado: Telmo acusa Madalena de nunca ter amado o primeiro marido, embora sublinhe que sabe que ela nunca o desrespeitou;

- Madalena acusa Telmo de acreditar em quimeras: Sebastianismo. (fazendo ligação com o aparecimento de D.João de Portugal.);

- Madalena pede a Telmo que não alimente a crença (7+7+7 anos) na volta de D.Sebastião em Maria, dizendo-lhe que com isto ainda a vai matar;

- Ambos prometem não falar mais no assunto;

- D.Madalena mostra preocupação com o seu marido (Manuel de Sousa Coutinho) que foi para Lisboa.


III Cena


- Maria entra em cena e apercebemo-nos logo da sua crença no mito de D.Sebastião. “… que ele não morreu, não é assim minha mãe?”

- Madalena repudia essas ideias, dizendo que são quimeras do povo;

- Maria mostra que é inteligente ao responder à mãe “Voz do povo, voz de Deus”; revela-se bastante perspicaz para a sua idade “meu pai… em ouvindo duvidar da morte do meu querido rei D.Sebastião… põe-se logo outro, muda de semblante, fica pensativo e carrancudo: parece que o vinha afrontar se voltasse, o pobre rei”;

- Madalena refere que estes assuntos não são para a idade de Maria, que se devia preocupar com outras coisas, como por exemplo: passear e divertir-se;

- Maria mostra o seu amor filial, ao ver a sua mãe chorar devido ao assunto da conversa. Maria consola-a e refere que não se falará mais na tal batalha, mandando Telmo sair da sala;

- Telmo indicia, já nesta altura, a doença de Maria com o seu à parte: “Que febre que ela tem hoje.”

Notas a retirar:

- Telmo Pais- personagem secundária. No presente dramático, Telmo domina o presente, conhece o passado e prevê o futuro. Ele é substituído da tripla função do coro na tragédia clássica;

- Como coro, Telmo:
Tece comentários sobre a acção dramática, predizendo o desfecho trágico da peça;

Obriga, através do diálogo, a que a consciência das outras personagens se manifeste, chegando mesmo a acusá-las;

Presta, com apartes, informações sobre o que o público não vê ou não conhece (fala do passado, antecipa o futuro.).


IV Cena

- Maria mostra preocupação com os cuidados que a mãe tem com ela. Maria revela-se sensível e curiosa;

- Maria é perspicaz para a sua idade: “Oh! Que eu leio nos olhos, leio, leio!... e nas estrelas do céu também- e sei coisas…”;

- Madalena tenta afastá-la dessas preocupações e fala-lhe que se deveria distrair mais como as outras moças e não ler tanto;

- Caracterização de Maria de Noronha:
Nobre de inteligência precoce, detentora de uma cultura apreciável para a sua tenra idade. Personagem tocada pela vergonha de se sentir filha ilegítima: (no final)

É romântica no sentido:
Exaltação de valores nacionais;
Idealismo;
Amor filial e sentido patriótico;
Irreverência e espírito de liberdade;
Crença em agouros.









V Cena

- Entra Frei Jorge em cena e dá notícias de Lisboa: os governadores do rei espanhol pretendem apoderar-se do Palácio de Manuel Sousa Coutinho;

- Madalena indigna-se e Maria impõe-se e dá a ideia de fechar as portas e guerrear contra os governadores;

- Frei Jorge repudia a ideia, assim como Madalena;

- Maria ouve o pai ao longe, quando mais ninguém ouve. (indício da doença de Maria).

Caracterização de Frei Jorge:

- Frade dominicano, representante da autoridade da Igreja, não tem na peça a mesma importância de Telmo. Mas, também, como o coro da tragédia grega, provoca os pensamentos secretos das outras personagens, para além de que lhes modera o sentimento trágico.


VI Cena

- Constata-se que Maria tinha razão: o pai vem a caminho de casa. Frei Jorge faz um à parte, comentando a percepção de Maria (Frei Jorge indicia a doença de Maria).

Caracterização de Manuel de Sousa Coutinho:

- Nobre, cavaleiro de Malta. Apresenta uma dose de caracterização clássica, na medida em que obedece à razão pela forma como encara a presença de D.João na vida de D.Madalena, não sentindo ciúme, nem acreditando em agouros;

- Evolui de uma atitude interior de força, de segurança e de coragem, para um comportamento de medo, de piedosa mentira e de insegurança pela saúde frágil da filha e pela sua situação social;

- Como personagem romântica é marcado por decisões violentas, porque inabaláveis- o incêndio no palácio, a entrada no convento como forma de, igualmente, se redimir;

- Aceita facilmente o despojamento de bens materiais.











VII Cena

- Manuel, cansado da viagem, conta as ordens que já deu aos empregados: arrumar tudo para saírem daquela casa. Manuel decide mudar-se para o palácio de D.João de Portugal;

- Madalena, com medo de represálias, alerta o marido;

- Manuel, decidido, refere que não há outra solução, vão ter mesmo de se mudar;

- Madalena fica amedrontada, pelo facto de voltar àquela casa “Aquela casa… eu não tenho ânimo… olhai eu preciso de falar a sós convosco…”.


VIII Cena

- Manuel tenta convencer Madalena a ir para o Castelo de D.João de Portugal;

- Madalena resiste à ideia;

- Madalena continua a resistir, mostrando os seus sentimentos, acima de tudo.

Notas a retirar:

- Regresso ao palácio: regresso ao passado e a D.João de Portugal = fim do casamento = fim da família = (destruição da sua filha)

- Manuel refere que irá dar uma Lião aos governadores espanhóis.


IX Cena

-Telmo anuncia a chegada de uma comitiva que vinha de Lisboa, os governadores espanhóis;

- Manuel estranha o facto de virem mais cedo do que o previsto.


X Cena

- Manuel dá ordens para que saiam da casa, ficando mais um pouco, dizendo que em momentos já está perto da sua família.


XI Cena

- Manuel prepara-se para incendiar a casa, fala do patriotismo e de que não tem medo de morrer, assim como de, cometendo um acto patriótico.


XII Cena

- Momento final do 1º acto, no qual Manuel põe fogo à sua própria casa.


Acto II

I Cena


- Começa, como o 1º acto, há uma citação de um livro, neste 2º acto Maria cita o começo da novela de Bernardim Ribeiro “Menina e moça me levaram de casa dos meus pais”

- Tal como acontece no primeiro acto, temos informações de acontecimentos passados:

D. Madalena ao chegar à casa, fica horrorizada com a visão do quadro de D. João;

D. Madalena encontra-se doente há 8 dias. Maria tem consolado a mãe, que agora acredita em agouros e vive em desespero (o facto de Manuel ter ardido a própria casa é um prognóstico fatal para Madalena);

Manuel está escondido numa quinta com receio de represálias.

- Maria pergunta a Telmo de quem é o quadro que se encontra na sala;

- Telmo foge à questão, respondendo vagamente;

- Maria conta que a mãe assustou-se ao ver aquele retrato, quando entrou naquela casa. Há oito dias que sofre, por causa do terror que aquela figura lhe causou. Maria pergunta como se chama aquela pessoa, Telmo diz que não sabe;

- Maria e Telmo comentam os outros dois quadros: D. Sebastião e Luís de Camões.


II Cena

- Manuel de Sousa Coutinho responde à filha dizendo que aquele é D. João de Portugal;

- Manuel ao conversar com a filha, repara que ela está febril (sintoma da doença de Maria);

- Manuel manda Telmo chamar o irmão.


III Cena

- Manuel e Maria conversam sobre D. João de Portugal.


IV Cena

- Frei Jorge diz que já é seguro ir a Lisboa. Maria pede-lhe para ir visitar Soror Joana.


V Cena

- Entra Madalena ficando contente com a notícia de que o marido já pode sair livremente;

- Madalena fica aterrada pelo facto de ser sexta-feira e o marido querer sair, ir a Lisboa.


VI Cena

- Maria e Telmo acabam por acompanhar Manuel, pois Maria desejava, havia muito, conhecer Soror Joana de Castro, uma freira que, após uma vida ao lado do marido, o Conde de Vimioso, D. Luís de Portugal, se separava deste para se recolher no convento do Sacramento, entregando o final da sua vida a Deus. O marido acabava também, por ingressar na ordem dominicana mas em S. Domigos de Benfica.


VII Cena

- “Preparem-se todos para ir.”.


VIII Cena

- Madalena aconselha cuidados na viagem.


IX Cena

- Monólogo de Frei Jorge, no qual mostra preocupação com o comportamento de Madalena, Manuel e Maria, desconfiando, ele agora também, que se adivinha uma desgraça.


X Cena

- Conversa entre Madalena e Frei Jorge, durante a qual Madalena confessa ao cunhado ter-se apaixonado por Manuel ainda casada com D. João de Portugal.


XI Cena

- Miranda interrompe a conversa para anunciar a chegada de um romeiro, que pretende falar com Madalena. Refere ainda que o romeiro lhe traz um recado.

XII Cena

- Frei Jorge alerta para o perigo dos romeiros, que às vezes se querem aproveitar.


XIII Cena

- Frei Jorge pergunta ao romeiro se é mesmo com D. Madalena que ele pretende falar. O romeiro confirma.


XIV Cena

- D. Madalena e Frei Jorge recebem o romeiro. D. Madalena não o reconhece;

- Madalena e Frei Jorge perguntam-lhe pelo recado. O romeiro refere que há um ano que foi libertado e que viajou mais depressa para poder estar ali neste dia (sexta-feira). O romeiro diz que D. João está vivo. Madalena fica aflita.


XV Cena

- Frei Jorge pergunta ao romeiro quem ele é e este apontando para o quadro de D. João de Portugal acrescenta: “Ninguém!”.

Nota: O desenlace do segundo acto, que corresponde ao clímax da peça, consiste na chegada de D. João de Portugal, na figura do romeiro, o que concretiza os receios de D. Madalena, os agouros de Telmo e o sebastianismo de Maria, e que fora iniciado pela visão do retrato, aquando da chegada de D. Madalena ao palácio, onde vivera com o seu primeiro marido. D. Madalena recebe o romeiro, mas não reconhece a sua verdadeira identidade, contudo, apercebe-se da desgraça da sua situação.


Acto III

- O terceiro acto apresenta uma estrutura interna semelhante aos anteriores;

- Num primeiro momento são veiculadas as seguintes informações:

Maria chega doente de Lisboa, pois tivera uma crise motivada pela sua doença;

Manuel toma conhecimento do regresso de D. João de Portugal, e que este se encontra no palácio;

O romeiro encontra-se na cela de Frei Jorge; a pedido deste espera que Telmo o visite (ninguém conhece a sua verdadeira identidade à excepção de Manuel, Frei Jorge, do arcebispo e, posteriormente, de Telmo).


- A acção apresentada em palco revela o sofrimento atroz de Manuel, confrontado com a situação da ilegitimidade da filha, a compaixão que por ela sente e a preocupação pelo seu estado de saúde. Frei Jorge tenta acalmar a angústia do irmão. É anunciada a decisão de Manuel de Sousa Coutinho tomar o hábito, o que D. Madalena que acaba por pôr a sua resignação seja motivada não pela sua vontade (pois tem esperança de que o romeiro seja um impostor) mas pela inflexibilidade de Manuel de Sousa. O único consolo das personagens é Deus;

- Telmo conversa com o romeiro, a pedido deste, e reconhece a sua identidade pela voz;

- O romeiro pede a Telmo que, para evitar a desgraça, diga que é um impostor, ao que Telmo acede, ainda que com dúvidas em relação à eficácia da sugestão, dado o momento em que a mesma é feita;

- D. Madalena tenta evitar a separação do casal, procurando Manuel de Sousa de que não poderiam crer nas palavras do romeiro de ânimo leve; contudo, Manuel de Sousa Coutinho que conhece a sua verdadeira identidade, não cede ao pedido da esposa;

- A cerimónia de hábito inicia-se;

- Maria aparece, convidando os pais a mentir, para a poderem salvar;

- O romeiro pede de novo a Telmo que salve a família, solicitando-lhe que diga que o romeiro é um impostor.

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